sábado, 21 de novembro de 2009

Chapter Three - Spring Festival


       
- Vamos logo!
Ruby, Roxy, os doces irão acabar! A pipoca irá acabar! – O pequeno garoto louro de nome Benjamin murmurou em gemidos. Ele segurou firmemente as mãos de uma de suas irmãs favoritas por entre suas mãos pequenas e de dedos pequenos e rechonchudos e caminhou em direção à porta da frente, puxando com toda sua força o braço de Ruby. A garota se deixou levar e caminhou lentamente com o irmão, sem perceber o que fazia. Tinha seus olhos fixos no topo vazio da escada.
        - Roxanne! – ela gritou, retirando delicadamente sua mão de entre os dedos quentes e macios de Benjamin e voltando para o centro da sala de estar, onde estava parada segundos antes.
        - Ai, acalmem-se, por favor! – A voz de Roxanne soou, seguida pela aparição de uma garota trajando uma toalha branca de banho surgindo ao topo da escada. Tinha algumas roupas seguras nos braços nus. - Eu não tenho roupa para ir.
        - Vamos, vamos, vamos! – Ben gemeu.
        - Como assim não tem roupa? Roxanne, você tem um armário cheio delas. E desde quando você se importou com a roupa que usava para ir ao festival?
        - Argh, eu vim até você para apresentar meu imenso problema e você só ajuda agindo como papai – a garota ao topo da escada ajeitou a toalha pequena que enrolava seus cabelos molhados e deu meia volta, sumindo de vista.
        - Queria que eu chorasse por sua repentina falta de roupas?
        - Seria bom – a voz da mais nova das gêmeas Ward ecoou pela casa.
        - Ruby! Vamos, por favor! Por favor, por favor!
        - Olhe, Roxy. Eu vou na frente, com Ben, e depois nós nos encontram...
        - Até parece! – Roxanne gritou, surgindo novamente ao topo da escada – Para você desaparecer com ele novamente? Nem pense nisso!
        - Quer, por favor, esquecer isto? Já faz uma semana – Ruby murmurou, passando as mãos por seus cabelos. – O próprio Ben já esqueceu.
        - É. Ben tem seis anos.
        - Por favor?
        - Esqueceremos isto. Quando você criar responsabilidades.
        - Quando eu o quê? – Ruby guinchou, irritada, ela subiu alguns degraus rapidamente e pôde ter alguns breves vislumbres do corredor iluminado por qual sua irmã surgia. Agora não havia mais toalha. Seus cabelos estavam molhados e penteados de um modo arrumado e ela trajava um short e sutiãs. Tinha duas blusas em mãos.
        - Você me ouviu. A rosa ou a azul?
        - Eu devo criar responsabilidades? E você então? É a pessoa nesta casa que menos pode me tratar com estas lições de morais. Quer o quê, Roxanne? Fazer com que eu me sinta culpada? Conseguiu. Mas chega! Pare de me tratar como criança.
        - Vou parar de te tratar como criança, quando você parar de agir como uma. – Roxy murmurou, descendo alguns degraus da comprida escadaria. Agitou duas blusas coloridas diante do nariz da irmã – A rosa ou a azul?
        - É, e você é uma pessoa muito... Roxy! Pare de sacudir estas malditas blusas e converse comigo!
        - Não gosto de conversar quando estou semi-nua. Apenas com rapazes. E só com bonitos. Diga logo se prefere a rosa ou a azul.
        - Rosa.
        - Obrigada, vou com a azul.
        As gêmeas trocaram sorrisos cínicos e Roxanne vestiu sua blusa azul.
        - Podemos conversar agora?
        - Podemos ir? – Ben choramingou junto à porta, olhando para as irmãs.
        - Prontinho, Benny! Vamos lá. – Roxy murmurou sorridente, descendo os degraus da escada aos saltos e ignorando completamente Ruby, que chamava seu nome de modo incrivelmente irritado. Ben deixou escapar um guincho de excitação enquanto outra de suas irmãs favoritas segurava firmemente em sua mão e saía pela porta da frente.
        - Você é impossível, Roxy. – Ruby murmurou cansada, enquanto passava as mãos pelos cabelos novamente, jogando-os para trás.
        - Perfeitos um para o outro...
        - O que?
        - Até mexem no cabelo do mesmo modo, quando estão nervosos. Perfeitos um para o outro. Você e Jesse...
        - Cale a boca.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nota Autora: Trilha Sonora



terça-feira, 17 de novembro de 2009

(Thank You, Dan)


        As palavras dele foram acompanhadas pelo silêncio da dúvida de Benjamin.
        - Não vou com você – o menininho disse por fim, decidido.
        - O quê?
        - Você levou minha irmã! E vai me levar também.
        - Claro que não vou, Ben! – Ele exclamou, exausto, passando as mãos por sobre os olhos. – Eu e Ruby passamos uma hora procurando você pela chuva. Ela estava desesperada quando eu voltei para casa.
        O menino ergueu os dois grandes olhos azuis para o mais velho dos três que estavam naquela sala. Jesse Hooper estava cansado. Ele parecia cansado, parecia mal-humorado. Mas não se parecia com um seqüestrador. Ou com um mentiroso.
        A mente dele também estava limpa.
        - Tudo bem... Eu vou – ele murmurou de modo relutante. – Mas Dan vai com a gente.
        - Pode ser – Jesse deu ombros, dando meia volta rapidamente, e indo em direção à porta principal da casa dos Hooper. Abriu-a com um ranger suave, e o vento gélido e úmido da noite adentrou a casa, batendo contra a face dos três rapazes. Benjamin abraçou a si mesmo no imenso casaco que Daniel havia colocado sobre ele, em uma vã tentativa de se aquecer.
        A chuva caiu por sobre os três como um fino véu. Eles apenas perceberam o quão encharcados estavam ao chegar do outro lado da rua, diante da porta da casa das irmãs Ward. Novamente, a chuva caía com um rugido, que os impossibilitava de ouvir os gritos que evidentemente ecoavam por dentro das paredes daquela casa. Apenas ouviam palavras entrecortadas, como ‘Irresponsável’ e ‘Benny’.
        Ao ouvir a menção de seu nome, o próprio garotinho se adiantou. Reconheceu a madeira branca da porta de sua casa. Reconheceu a fechadura de bronze, e reconheceu o barulho que a campainha fez, quando Jesse a apertou.
        A porta se abriu, instantes depois, bruscamente. Os três encararam as duas figuras idênticas que surgiam diante deles. Daniel sorriu e corou ao ver Roxanne novamente, e Jesse encarou Ruby de um modo preocupado.
        - Ben! – a mais velha das gêmeas guinchou, estendendo os braços para o garotinho. Ele se desfez do imenso casaco de Daniel, jogando-o no chão atrás de si, e correu em direção à Ruby. A havia encontrado.
        - Ben! Oh meu deus, Ben! – Roxanne exclamou, com algumas lágrimas descendo copiosas por sobre suas bochechas. Ela se abaixou e o garoto soltou-se de Ruby por alguns instantes, indo abraçar sua outra irmã preferida.
        - Obrigada! Obrigada por encontrá-lo. – Ruby exclamou, erguendo-se novamente e dando dois longos beijos em ambas as bochechas de Daniel. O rapaz corou mais uma vez, e ela se adiantou para Jesse. – Obrigada.
        - Não precisa agradecer. Venha cá.
        Ele passou as mãos pelas costas dela, e a trouxe para si. Foi o melhor abraço que a garota já havia recebido. Melhor que qualquer abraço de suas irmãs, melhor que qualquer abraço de seus pais. Melhor que os abraços de James.
        - Estou cansado. – Benjamin ofegou por entre os braços de Roxanne. Ruby soltou-se de Jesse lentamente, e pegou o garoto no colo com carinho. Nunca mais o deixaria escapar de seus dedos daquele modo.
        - Vamos, eu vou te colocar na cama.
        Ela deu alguns passos em direção à grande escada que se estendia diante dos cinco presentes naquela sala, com Ben aninhado de modo sonolento contra seu peito, e se virou.
        - Jesse... Posso falar com você em particular?
        Nenhum dos presentes esperava aquilo. Daniel olhou para Ruby e então para Jesse, com um semblante confuso passando por seu rosto. Roxanne olhou para a irmã por sobre o ombro direito, como se houvesse acabado de ver uma assombração. Jesse olhou para ela, apontou para si mesmo e ergueu as sobrancelhas, como se houvesse mais alguém naquela sala chamado Jesse, e como se ele tivesse total certeza de que ela estivera falando com este outro.
        - Claro. Hm... Já volto...
        Ele passou ao lado de Roxanne, que se erguia lentamente diante de Daniel, e passou a mão pelo ombro dela. Trocaram um olhar consolador, e então ele andou em direção à Ruby, que já estava começando a subir as escadas em direção ao quarto de Benjamin.
        Quando ele começou a subir as escadas, olhou por sobre seu ombro esquerdo e seus olhos se encontraram com os de seu irmão caçula. “Console-a”, o mais velho murmurou, sem fazer som algum. O mais novo revirou os olhos, enquanto o Jesse lhe lançava uma piscadela, virando-se em seguida para frente e subindo as escadas logo atrás de Ruby e Ben.
        “Típico” Daniel pensou, fitando Roxanne por alguns instantes. Demorou um pouco para que ele percebesse que ela ainda chorava de modo silencioso, encolhida contra o vão da porta. Pensou no que poderia fazer sem se sentir culpado por estar abusando da fragilidade da menina.
        - Ei... – ele murmurou. Roxanne ergueu os olhos.
        Daniel estendeu um de seus braços e tocou com as costas de uma das mãos na face da menina. Limpou suavemente suas lágrimas, e sussurrou:
        - Não precisa chorar mais.
        - Eu achei que nunca mais o veria – ela soluçou, e mais lágrimas saltaram de seus olhos.
        Daniel não percebeu o que estava fazendo, até que sentiu o corpo da garota contra o seu. Sentiu o coração dela, batendo de modo falho contra seu peito. A havia abraçado sem sequer perceber isto.
        - Vai ficar tudo bem, Roxanne.
        Ela gostava de como ele pronunciava seu nome completo.
        - Obrigada, Danny. Obrigada mesmo. – ela murmurou, e sua cabeça recostou por sobre o ombro do rapaz. Ele corou furiosamente ao sentir a respiração calma da menina contra seu pescoço. E novamente, percebeu o que estava fazendo apenas alguns segundos depois.
        Ele passou as mãos carinhosamente pelos cabelos lisos e castanhos da menina e parou para escutar um barulho contínuo que saía de seu peito. Acelerado. Assim como o que saía do peito dela. Passou uma das mãos pelo rosto da menina, e segurou-o com uma delicadeza incomum para Daniel.
        Ele percebeu o que estava fazendo. Mas não parou. Puxou o rosto da menina lenta e levemente contra o seu.
        - Estou interrompendo algo? – ouviram uma voz divertida e rouca, pertencente a Jesse. Logo ele apareceu com a cabeça perto do casal. Roxanne se separou rapidamente do rapaz, corando de modo intenso, e passando as mãos nos cabelos.
        - Não, Jesse. – Daniel murmurou, com uma onda de mau-humor visível perpassando seu rosto. Cruzou os braços e recostou-se no vão da porta.
        - Ah... Pois parecia que eu estava interrompendo algo.
        - O-onde está Ruby? – a garota perguntou, ignorando a última frase de Jesse. Mantinha seu olhar fixo no chão, e suas bochechas não paravam de esquentar. O mais velho dos irmãos olhou divertido de um para o outro, e disse:
        - Fazendo Ben dormir. Tiveram uma noite cheia hoje...
        - É... – ela respondeu.
        E um silêncio constrangedor se instalou. Dan e Roxanne não ousavam sequer se encarar. Estava muito claro para os dois o que teria acontecido, caso o irmão mais velho do rapaz não houvesse aparecido. Claro demais.
        - Bom... Acho que temos que ir embora. – o caçula murmurou, coçando a cabeça de modo encabulado, enquanto fixava seu olhar em qualquer lugar que não o lembrasse dos olhos da garota. – Boa noite, Roxanne.
        - Boa noite, Dan... Até mais, Jesse.
        Jesse acenou rapidamente com a cabeça, dando as costas com o irmão, e descendo as escadas de cimento. Chegando em seu último degrau, ele se permitiu gargalhar, ao ouvir finalmente o estalido da porta se fechando atrás de si.
        - E então... Você e Roxy, uh?
        - O que tem? – o outro respondeu carrancudo, colocando as mãos dentro de seus bolsos do casaco. – Eu não entendo qual é a sua, Jesse. Como você me manda consolar a menina, e depois aparece assim, quando está evidente que algo iria acontecer?
        - Você ficou bravo – ele gargalhou.
        - Não fiquei.
        - Quer que eu espere aqui? Vou olhar para lá, prometo. E você pode se despedir como quiser... – O mais velho murmurou, entre risos, enquanto apontava com o polegar para a porta que havia acabado de se fechar por trás deles.
        - Jesse...
        - Não, sério. Vou esperar aqui.
        Dizendo isto, Jesse sentou-se no degrau úmido de cimento. A chuva violenta havia agora se transformado em apenas respingos. O céu estava incrivelmente escuro, sem nenhuma estrela, e também sem qualquer vestígio da lua.
        - Não estou brincando, Jesse.
        - É, eu sei. Eu também não.
        - Vamos embora.
        - Você vai falar com ela, ou eu vou ter que lhe arrastar até aquela porta?
        - Eu não tenho nada para falar com ela.
        - Nerd.
        - Cretino.
        - Vá logo.
        - Não, eu vou para casa. – Daniel murmurou irritado, dando as costas para o irmão.
        Parou alguns passos depois, e voltou, praguejando baixinho.
        - Mudou de idéia?
        - Não. Você está com as chaves.
        - Sinto muito. Vá falar com ela.
        - Vou dizer o quê?
        - Bem... Vocês não precisam necessariamente falar.
        Incrivelmente irritado, Daniel subiu os degraus ao lado de seu irmão. Fitou a porta de madeira diante de si por alguns instantes, pensando no que realmente falaria a ela. Mal sabia ele que Roxanne estava do outro lado da fina porta de madeira, recostada, e pensando no que poderia haver acontecido de Jesse não houvesse chegado.
        Ele bateu à porta. Ela a abriu quase que instantaneamente.
        - Danny? – ela piscou os olhos, sinceramente surpresa.
        - Bem... Eu vim me despedir. Quero dizer, boa noite. É isto.
        - Boa noite para você também... – ela ergueu as sobrancelhas, confusa.
        - Bom... Então... A gente se vê.
        Ele girou por sobre seus calcanhares, e antes que Roxanne fechasse totalmente a porta, ele a empurrou de volta.
        - O quê...?
        - Nosso encontro... – ele murmurou, corando – Ainda está de pé?
        - Claro! – ela murmurou, com um sorriso brotando levemente em seus lábios.
        Ele sentiu vontade de beijá-la.
        - Bem... Então tudo bem. Boa noite.
        - Boa noite.
        Mais uma vez, ela empurrou a porta lentamente. Daniel deu meia volta e desceu o primeiro dos degraus de cimento, dando-se conta que seu irmão havia ido embora. Ele voltou mais uma vez e empurrou a porta que Roxanne mal havia recostado. Desta vez com mais força.
        - O quê houve, Danny? – ela perguntou.
        - Não fale – ele murmurou, segurando o rosto delicado da garota com as duas mãos, e pressionando lentamente seus lábios contra os dela.
        Do outro lado da rua, diante da porta da casa dos Hooper, Jesse olhava por sobre o ombro e fitava seu irmão, que beijava Roxanne de modo ardente. Ele riu e empurrou a madeira da porta, que abriu com um rangido.
        - E eu nem tranquei a porta. – ele murmurou para si mesmo, rindo e entrando em sua casa. – Dan, você pode ser um nerd completo, mas aprende rápido.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nota Autora: Layout novo

Não sei quanto a vocês, mas minha vista doía de ficar lendo aquelas letrinhas pequeninas e brancas, em um fundo completamente preto. Sei lá, cansei daquele Layout e acabei de fazer este aqui. Dependendo da aceitação geral (leia-se: se a laís não curtir), eu posso voltar com o antigo, mas eu curti esse aqui.

Ah, e a trilha sonora vai sair assim que eu terminar o Capítulo 2 (Mais uma postagem apenas).

domingo, 15 de novembro de 2009

(Roxanne)


       
- Você é irmão de Roxanne? – Daniel olhou para sua perna direita, na qual havia um garotinho dependurado. Ele fez que sim com a cabeça timidamente, e Dan se lembrou do quanto havia achado aquela garota incrivelmente simpática, ao conhecê-la de manhã. Roxy estava indo trabalhar, com seu uniforme usual de garçonete, e Daniel tinha que fazer algumas compras básicas para o prato de biscoitos que faria mais tarde. Haviam se encontrado na porta de casa, e ele a confundira com Ruby.

        - Ei, Ruby!
        Mas ela não se virou. Continuou trancando a porta, como se ninguém a houvesse chamado. Estava pensando em algo que evidentemente não era relacionado à fechadura de bronze na qual ela inseria a grande chave de casa. Daniel atravessou a rua calmamente, com os olhos pousados naquela figura feminina, e tocou-a no ombro.
        - Olá, Ruby.
        - Ah... Oi – ela murmurou, parecendo estar sem graça – Sinto muito, mas eu não sou Ruby.
        - Oh sim... – ele exclamou de súbito, corando. Levou uma das mãos em direção à cabeça, se sentindo um completo idiota por alguns instantes. – Você é... Roxanne, certo?Como a música do The Police?
        - Exatamente. Como a música... E você é o irmão bonitinho da casa da frente.
        Daniel soltou uma risada nervosa, que resultou em um breve acesso de tosse. Ele pigarreou por alguns instantes, e tentou fazer a voz mais parecida com a que Jesse o ensinara, alguns anos antes, como sendo o principal modo de seduzir garotas.
        - Daniel.
        - Sexy Chef. – ela acrescentou, com um imenso sorriso. Daniel, por um breve momento, quis abrir um buraco no chão e enfiar sua cabeça lá dentro. Mas Roxanne pareceu notar o quão vermelho o rapaz estava, e murmurou:
        - Onde está indo? Ainda é cedo.
        - B-bem... Eu preciso comprar algumas coisas para o almoço.
        - Você cozinha?
        - Bem... Eu...
        - É claro que cozinha – ela exclamou, antes que ele pudesse concluir sua resposta – Onde eu estava com a cabeça? Se você tem um avental de Sexy Chef, é meio óbvio que você cozinhe. Bem... Eu sou um completo fracasso na cozinha. Se fosse por mim, almoçaríamos comida de microondas por toda a vida.
        Daniel riu. Verdadeiramente desta vez.
        - Você é uma graça quando ri. – ela murmurou enquanto sorria também. – Bem... Meu trabalho fica próximo à mercearia. Você quer companhia até lá?
        - Seria ótimo.

        E fora apenas isto. Os dois continuaram andando pela rua, lado a lado, conversando calmamente sobre as coisas mais banais possíveis, como o tempo, e como comida de microondas era intragável. Ao chegarem na mercearia, a garota lançou um breve sorriso para ele, e disse que estava feliz em conhecê-lo.

        - É difícil achar rapazes simpáticos como você. Principalmente nesta cidade pequena. – ela dissera. – Bom, eu acho que vou andando, Danny. Meu chefe fica maluco se eu me atrasar. Bem, você bem que poderia fazer um jantar para nós dois qualquer dia destes, não é?
        Daniel se sentiu corar mais uma vez.
        - C-claro!
        - Depois de amanhã, está bom?
        - Tudo bem... E-eu te busco em casa às oito.
        - Não seja bobo. É só atravessar a rua – ela riu.
        - Eu faço questão.
        - Você é uma graça, Danny. Até mais.
        E ela puxou-o para perto, dando um estalado beijo em sua bochecha. Daniel sentiu o local no qual os lábios dela haviam acabado de tocar se esquentando aos poucos. Quando ela virou de costas, seu rosto parecia em brasa.
        - Ah! Dan... – ela se virou repentinamente – Eu havia me esquecido...
        - Sim?
        - É um encontro? Depois de amanhã...
        - B-bem... Eu não sei. Você gostaria que fosse um encontro?
        - Por que não? Você é um gatinho. Bom... Te vejo depois então, até mais.
        E ela deu as costas novamente, andando com uma ligeira pressa até o bar no qual trabalhava. Deixando Daniel com as bochechas em brasa, e as mãos formigando de um modo que não o estava incomodando. Era a beleza de Ruby, com uma simpatia transbordante.
        Roxanne.

        - Você conhece minha irmã? – Daniel foi bruscamente despertado de seu devaneio, pela voz do garotinho que se atracava à sua perna. Olhou para baixo, e viu que Benjamin o fitava de modo curioso.
        - B-bem... Eu conheço um pouco.
        - Bem que ele queria conhecê-la mais – Jesse riu, rente à porta. Recebeu um olhar incrivelmente irritado de seu irmão mais novo, e seu sorriso desapareceu – O quê estamos fazendo aqui ainda? Vamos logo, Ben. Vou te levar para casa.